segunda-feira, 20 de maio de 2013

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2. SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: INFORMAÇÃO E CIBERCULTURA


2.1 SOCIEDADE, INFORMAÇÃO E MEIOS DE COMUNICAÇÃO






Do final do século XX vem uma transformação baseada na transformação da ‘cultura material’ pelo novo paradigma tecnológico. Os avanços podem ser observados especialmente na comunicação. Assim as relações mundiais recebem uma reestruturação, acontece uma interdependência do mercado econômico, ocorre uma facilidade de deslocamento geográfico, o consumo ocorre em escala planetária e facilita-se o acesso aos bens de informação.




A ‘sociedade da informação’ é marcada por três revoluções: a) a revolução dos costumes; b) a revolução da tecnologia informacional; c) a crise econômica do capitalismo e o fim da bipolaridade mundial e por uma multiplicação dos eixos de poder. Ela é baseada no conhecimento, em um novo papel das finanças e uma sociabilidade em rede.


Essa revolução tecnológica altera a vida das pessoas, mas não acontece de forma universal. Em países periféricos essa evolução mantém seu caráter excludente, reforçando cada vez mais as desigualdades. As elites são as primeiras a ter contato com as novas tecnologias.


Essas mudanças formam uma sociedade em rede. O desenvolvimento de transmissões por satélite e a internet diminuem as fronteiras e aproximam as culturas diferentes, integrando o mundo numa rede global inter-relacionada.


Sobretudo a Internet, com o potencial de integração de textos, imagens e sons no mesmo sistema, permite a comunicação instantânea em uma grande rede global, num sistema interligado e diversificado.


O conhecimento acelera processos, tornam instantâneas inúmeras ações de interesse econômico e gera um novo quadro organizacional caracterizado, principalmente, pela flexibilidade decorrente da utilização de equipamentos informatizados e programáveis. A possibilidade de interação a partir de diferentes locais e em qualquer momento é outra característica da rede mundial de computadores.


2.2 CIBERCULTURA



O desenvolvimento da cibercultura começa com a micro-informática nos anos 70,com a convergência tecnológica e o advento do personal computer (PC) – quando os computadores não são mais apenas simples máquinas de calcular. Entre os anos 80 e 90, vemos a popularização da Internet e a transformação do PC num computador coletivo, conectado ao ciberespaço. “Aqui a ideia é que os computadores sem conexão são instrumentos sub-aproveitados e que, na verdade, o verdadeiro computador é a grande rede”(Lemos, 2004b). Atualmente, com o desenvolvimento da computação móvel, o que está em marcha segundo autores como Lemos (2004b) é a era dos computadores coletivos móveis.

A cibercultura é uma mistura da sociedade pós-moderna com o surgimento das novas tecnologias. Com a cibercultura a tecnologia passa a ter papel fundamental nas sociedades, agora além de ferramenta para trabalho, também é uma forma de convívio.

Nessa nova cultura é importante falar que estão transformando cidades de concreto em cidades digitais. Esta reconfiguração geral de práticas, conceitos e espaços geraram novos conflitos de natureza política e ética (com a discussão sobre o limite da privacidade), científica (com a idéia de que o corpo torna-se obsoleto sem componentes eletrônicos) e comunicacional (com a liberação do pólo de emissão dando voz a discursos anteriormente reprimidos).






2.3 APROPRIAÇÃO E DETERMINISMO TECNOLÓGICOS NA CIBERCULTURA


2.3.1 Diferentes concepções determinísticas






O termo determinismo tecnológico foi cunhado em 1920 pelo cientista social Thorstein Veblen (Murphie e Potts, 2002:11), num tempo onde as políticas sociais nos países industrializados eram fortemente influenciadas pela capacidade técnica, mas a sua noção é anterior a esse fato. Atualmente o termo continua em voga, inclusive nos discursos teóricos que relacionam o momento presente ao de uma Sociedade da Informação, na relação em que as sociedades são moldadas pelas tecnologias dominantes, a tecnologia como o principal agente social de mudança. “A vida das técnicas é sistêmica e sua evolução também o é.


Conjuntos de técnicas aparecem em um dado momento, mantêm-se como hegemônicos durante certo período, constituindo a base material da vida da sociedade, até que outro sistema de técnicas tome o lugar. “É essa a lógica de sua existência e de sua evolução” (Santos, 2002:176).

O determinismo tecnológico tende a considerar a tecnologia como um fator Independente, e é aí que se encaixa a maioria das críticas vigentes sobre esse modelo. A idéia de uma causalidade entre os processos tecnológicos e a sociedade, numa causa e efeito padrão, é criticada por muitos, mas pode ser vista de outra forma.

O termo determinismo tecnológico continua em evidência, inclusive nos discursos teóricos que relacionam o agora com uma Sociedade da Informação, em que as sociedades são modeladas pelas tecnologias dominantes e a tecnologia como o principal agente social de mudança.


Há uma critica no determinismo tecnológico presente nos discursos de Marshall McLuhan (1967), dizendo que a tecnologia tem uma extensão da capacidade humana. Mas o certo a se fazer é pensar na tecnologia como uma ajuda em potencial para as atividades humanas.


Cada meio de comunicação forma uma estrutura dos modos de conhecimento e depois a forma de organização social. Com a invenção da escrita caiu aos poucos a tradição oral, traçando um novo rumo da tecnologia do individualismo e a economia de mercado com o advento da imprensa.

Pode se dizer que as técnicas usadas na época determinam o modelo de sociedade, assim como o trabalho braçal e o moinho a vapor, as novas tecnologias da comunicação molda a sociedade atual.

A técnica na sociedade humana se reflete na vontade da pessoa controlar algo através da razão. A partir do século XIX há uma transformação na sociedade, a técnica se expande não somente a mecânica, mas a outras formas de trabalho, e a partir daí a técnica englobou toda a civilização.

O ponto alto da internet não é a tecnologia, e sim as relações sociais que são facilitadas pelo meio.


2.3.2 Relação da (micro) apropriação com o (macro) determinismo tecnológico

A sociedade está ligada ao estado das suas técnicas atuais. O sistema técnico é uma macro-determinação que o uso se faz num processo de negociação entre as tendências técnicas e os usos e apropriações.

Ciro Marcondes Filho (2004) afirma que o meio torna-se o fim quando o homem


se adapta a ele. Quando o uso da técnica está estabilizado torna-se difícil o reverso. Vão se apropriando do uso e a tornando natural, aí ela vai se transformando em parte atuante do cenário.

As técnicas vão se difundindo em diferentes intensidades, isso é uma das características da exclusão digital, chega a uma parte enquanto a outra fica mais atrasada do que já está.

A tecnologia atual vive num nível de produção baseada na exploração constante do trabalhador, e chega a todos os lugares essa produção. De uma forma ou de outra ela é empurrada para as camadas que antigamente não tinham acesso, assim oferecendo essa nova técnica e buscando lucro em lugares que antes não tinham acesso. Essa tecnologia vai se incorporando ao mundo de uma forma tão constante que ela vai se tornando inevitável e provavelmente dificilmente reversível.

Há uma tendência querendo que incluir todos nesse esquema tecnológico. Mas provavelmente a ideia não está ligada ao avanço da sociedade e sim em uma ideologia política e busca do lucro.

Hoje em dia você é forçado a se adaptar aos meios, caso contrário fica prejudicado no dia a dia. Existem coisas que só se fazem pela internet, caso a pessoa não se adapte à internet estará essa pessoa sofrendo com o novo processo tecnológico.


A técnica está ligada a transformação, e nela se vê uma possibilidade de mudança muito grande. A sociedade está se transformando por meio das técnicas. E as técnicas na são aplicadas de forma singular, dependendo da sociedade ela aplica de forma diferente.

3.1 INCLUSÃO DIGITAL E SOCIAL

As novas tecnologias estão inserindo grande parte da população, transformando ela em uma Sociedade da Informação, mas mesmo assim muito falta a essa sociedade que às vezes nem tem o mínimo existencial. E isso vem de um processo histórico, antes de buscar o melhoramento da sociedade vem a busca do lucro, mesmo daqueles que têm baixa renda.

A transformação pela tecnologia ocorre, mas algo essencial para ela é a ação humana. Com essa transformação ganhamos uma visão de mundo maior, muda a forma de comunicação e informação. Aparece uma nova forma de compreender o mundo, torna os lugares mais perto, e vivemos próximos a todas as culturas e meios de informação.

No Brasil foi feito o Programa Sociedade da Informação com a intenção de integrar, coordenar e estimular a utilização das tecnologias pela sociedade, logo após foi feito o programa “Livro Verde”. Mesmo assim o programa não foi efetivo, tendo acesso maior apenas das classes mais ricas.

O avanço das TIC’s traz um conceito de cibercidades, que seriam cidades nas quais a infraestrutura de telecomunicações já se faz presente. Esse processo está sendo introduzido no território urbano e tornando-se realidade.

Atualmente grande parte da população sofre com a exclusão digital, porém as economias precisam de novas tecnologias, tanto para ação quanto para consumo da massa, daí surge a necessidade da “inclusão digital”. Políticas públicas e empresariais foram feitas para romper a barreira e estimular as classes menos favorecidas a consumir as novas tecnologias. Mesmo assim grandes cidades brasileiras ainda têm pouca participação nessa sociedade da informação.

Uma condição fundamental hoje em dia é estar inserido digitalmente no mundo da informação, porém muitos vivem em condições precárias. O acesso à essas novas tecnologias deve ser usado não apenas de uma forma para inserir o cidadão digitalmente, mas também para buscar alternativas para mudanças sociais, e isso é possível.

A internet é um meio em que o cidadão não é apenas um mero expectador, mas sim alguém que pode produzir seu próprio conteúdo tendo seus expectadores. A inclusão digital deve surgir de uma forma para que não apenas se aprenda a manipular a tecnologia, mas sim de uma maneira bem maior, incluindo o cidadão no mercado de trabalho, podendo consumir conhecimento e também gerar seu produto para o consumo do público, antes que era de uma forma bem mais difícil.

Para um aproveito maior da inclusão é necessário o ensino, oportunidade de empregos no meio digital, políticas publica e exploração do potencial do meio digital.


Um dos efeitos dessa expansão tecnológica é o aumento da capacidade de controle nos centros tradicionais de poder sobre as redes tecnológicas, econômicas e humanas. Há outro lado que mostra que a tecnologia pode ser usada para desenvolvimento das regiões desfavorecidas, explorando o potencial de inteligência coletiva.

A inclusão digital pode ser vista como um luta contra o poder concentrado, apropriando as pessoas de informação e deixando-os aptos a se elevar de forma profissional e pessoal. Também pode ser vista como mais uma forma de forçar o consumo das sociedades pobre dos produtos das regiões mais desenvolvidas. A internet pode ser usada de forma para obter informações dos países de terceiro mundo como também pode ser usada para o avanço deles.

É necessário que os movimentos sociais estejam junto à essa causa da inclusão digital, porque muitas vezes o governo só não se preocupa, e passando as gestões de governo mudam-se os projetos.

O cidadão contemporâneo precisa ter um conhecimento dos produtos da mídia atual, e ser capaz de questionar as estratégias. Antigamente existia uma alfabetização em massa da mídia impressa, hoje vai, além disso. Com a hipermídia é justo buscar uma nova forma de alfabetização, diferente daquela da época antiga, para além do entendimento um conhecimento que ligue à criação e prática da cidadania.







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